segunda-feira, 16 de março de 2009

A actual situação de crise financeira – que já resvalou para uma crise económica com efeitos devastadores – é consequência directa de modelos de gestão centrados na obtenção de resultados financeiros de curto prazo a qualquer custo.
Cosmética financeira, passar custos fixos para custos variáveis permanentes aumentando a estrutura de custos das empresas, manipulação das cotações bolsistas, criação de fundos de investimento baseados não em valor real mas em valor fictício, modelos de governance desadequados e não controlados, créditos concedidos com base em premissas falsas, circulação de capitais em turnaround, exportação ilícita de capitais para paraísos fiscais, falseação do valor das matérias-primas e das moedas, padrões de consumo excessivo, produção orientada para a substituição permanente dos bens, deslumbramento com a alta finança, tudo isto caracteriza um economia de casino, sem qualquer verdadeiro sustentáculo na economia real.
Milhões de pessoas estão a ser afectadas nos países europeus – a OCDE prevê mais 20 a 30 milhões de desempregados em 2009 – e a fome, a miséria e a doença alastram pelos países mais pobres de África.
Aumenta em exponencial o número de pessoas que vive com menos de um dólar por dia.
A produção está a cair – estima-se que, em termos médios, a produção de bens de consumo caia 50% em 2008 relativamente a 2007 – e nem mesmo os grandes grupos económicos escapam. A Toyota, pela primeira vez em 71 anos, anunciou resultados negativos.
As expectativas – pois não é possível, no quadro actual, efectuar previsões, dado que não existem modelos econométricos que o possibilitem – são muito amargas.
O primeiro trimestre de 2009 vai trazer ainda mais notícias de desemprego, de encerramento de empresas, de rupturas financeiras em grandes conglomerados, de nacionalizações, de grandes e gravosas reestruturações, de falta de produtos nos principais mercados mundiais.

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